Casal ‘swingueiro' e agente de viagens especializado revelam os bastidores dos navios destinados aos apreciadores do swing
Entre os dias 10 e 17 do mês de junho, um grupo de 370 casais - 20 deles brasileiros - embarcou em uma viagem de navio pela Europa, cruzando o Mar Adriático. Até aí nada de novo. O que diferencia esse de outros cruzeiros é que o objetivo principal dos pares a bordo não é só fazer turismo ou apreciar as belezas da Costa do Adriático, mas envolver-se sexualmente com outras pessoas ou casais, numa prática conhecida popularmente como 'swing'.
“Na Europa e nos Estados Unidos, esse tipo de viagem é bem comum e diversas empresas oferecem o serviço sem o menor constrangimento. No Brasil, tudo é muito mais discreto e restrito”, explica Paulo, 49 anos, proprietário da empresa Casal First Tour, que levou alguns dos casais brasileiros à já citada viagem de navio pela Europa. O empresário, que prefere não revelar o sobrenome, contou ao Delas como funcionam esses cruzeiros destinados ao que ele chama de “swingueiros”.
Na piscina dos navios, a paquera rola solta e o clima é quente, mas o sexo explícito é proibido
“A primeira coisa a desmistificar é que, ao contrário do que a maioria das pessoas imagina, os casais não ficam transando que nem loucos o tempo todo da viagem”, diz Paulo, explicando que o sexo acontece mais intensamente quando anoitece. “É claro que durante o dia, a paquera rola solta entre os casais, o que vai criando um clima de intimidade, as pessoas vão se conhecendo e descobrindo afinidades”, completa.
Praticante de swing há mais de cinco anos, o casal formado por Gustavo, 39 anos, e Sol, 42, que prefere não revelar seu sobrenome, conhece bem esse flerte que rola a bordo. “No final da tarde, muitos casais vão à piscina tomar sol, você pode ficar nu, de biquíni ou do jeito como preferir. O clima esquenta quando começam as brincadeiras”, conta ela, referindo-se às atividades recreativas promovidas pelos organizadores da viagem: desde desfiles de lingeries a shows de sedução que, embora não mostrem cenas de sexo explícito, são bastante eróticos.
Além do ambiente da piscina, outra área onde o clima fica mais quente é a boate. “Toda noite, depois do jantar, os casais vão para lá, eventualmente vestidos de acordo com um tema proposto, que pode ser ‘Noite do Branco’ ou ‘Noite das Máscaras’”, detalha Sol. “Neste local a paquera é intensa, muitos dançam coladinhos e as mulheres começam a se beijar”, completa a suingueira.
Mesmo na piscina e na boate do navio, no entanto, apenas a paquera e as brincadeiras eróticas são permitidas. Sexo, só nas cabines ou no playroom.
E é no playroom que o sexo coletivo acontece. São várias camas artisticamente arranjadas e que podem ser parcialmente separadas por véus transparentes. Decorado com imagens eróticas, o playroom fica aberto até de madrugada. Sempre à meia luz, “os casais podem fazer trocas, transarem em grupos ou exibirem-se uns para os outros”, revela Gustavo.
O playroom é o lugar da ação nos cruzeiros de swing. Lá, a nudez e o sexo são liberados
Como Gustavo sugere, nem todos os pares a bordo se comportam do mesmo modo no playroom.
De maneira geral, eles podem ser divididos em: voyeurs, aqueles que apenas observam os outros casais em ação; exibicionistas, que gostam de transar em público, mas não fazem trocas; softs, que topam fazer as preliminares com outros, mas penetração só com o(a) parceiro(a); os que curtem sexo a três -- na maioria da vezes, um casal acompanhado de uma mulher -- e os troca-troca geral, para quem vale-tudo, sem restrições.
“É comum que um casal que viaja pela primeira vez neste tipo de cruzeiro apenas observe e não faça sexo com outro casal”, avalia Paulo. “Nas viagens seguintes, ele vão se soltando e começam a praticar o swing com mais naturalidade”, prossegue.
De acordo com Paulo, os brasileiros exigem muito mais discrição do que os europeus e americanos na hora de contratar um cruzeiro. “Eles têm pavor que outras pessoas fora do meio do swing saibam que fazem esse tipo de viagem. Muitos até contratam o serviço diretamente no exterior para tentar se proteger ainda mais”, aponta o empresário.
Alguns casais preferem eles mesmos organizarem a viagem junto com outros swingueiros, sem intermediários, para evitar possíveis indiscrições. Esse é o caso de Gustavo e Sol, que até criaram o blog Solenieve para reunir os interessados em cruzeiros para casais "liberais".
O ambiente do playroom é preparado para funcionar até de madrugada
Fazer esse tipo de turismo não custa barato. Como nenhum cruzeiro parte de um porto brasileiro, as viagens têm que ser feitas no exterior, o que encarece mais a conta.
“Em média, uma cabine para dois custa R$ 8 mil e você tem que somar a isso os R$ 2 mil da passagem aérea, por pessoa, até o destino da partida do navio”, calcula Sol.
“Isso acaba restringindo o público a casais com alto poder aquisitivo e não tão jovens, a faixa etária fica entre 35 e 50 anos”, acrescenta Paulo.
Independentemente das restrições financeiras, esse nicho do mercado de Turismo não é nada pequeno. Numa estimativa para a rede de TV americana ABC, o site AdultFriendFinder, uma das maiores comunidades online de troca de casais, calculou que há atualmente 10 milhões de praticantes de swing no mundo. Público suficiente para lotar vários navios como o que passou pela Europa em junho.
Mais informações sobre cruzeiros para casais' liberais':
- Menores de 21 anos não embarcam;
- Homens solteiros não entram de jeito nenhum;
- Mulheres solteiras entram em alguns cruzeiros, mas sempre acompanhadas de um casal;
- Nada de fotos, máquinas fotográficas são proibidas a bordo;
- A bordo, o casal tem liberdade para fazer só fazer o que deseja, o que fica claro na norma máxima adotada pelos praticantes de swing: “não significa não”.
0 comments:
Post a Comment